Como tem acontecido nos últimos anos em diferentes países da região, produto do surto de ajuste e repressão que atinge diferentes setores da classes oprimidas, vemos nas ruas uma grande resistência ativa e popular. Analisados em conjunto essas ondas parecem responder, como é geralmente, ao alinhamento de governos para interesses imperialistas.
Além do aumento do custo de vida, insegurança no trabalho, pilhagem dos ativos bens comuns, falta de moradia, saúde e educação, outro denominador comum é o repressão selvagem que os Estados realizam para conter as enormes mobilizações, em muitos casos com o uso da força militar.
Podemos dizer hoje que esse também é o caso no Chile. Viemos de décadas de luta pelo acesso à educação, moradia, em defesa do salário e acordos de recuperação de territórios ancestrais, com destaque para os/as estudantes, portuários, movimento de mulheres, assembléias comunidades ambientais e mapuche, entre outros setores.
Hoje explode massivamente a rebelião contra o aumento do transporte público, contra medidas do governo Piñera, que não hesitou em enviar as forças repressivas para rua – o mesmo que a ditadura de Pinochet -, e restringir ainda mais os direitos de protesto e participação política, impondo um toque de recolher e somando dois mortos e pelo menos 16 feridos até agora nos dias de repressão
Mas a resistência também aumentou e devemos reconhecer como uma conquista o fato de Piñera recuar com o aumento de passagem.
Assim como aconteceu no Equador, Haiti, Porto Rico, onde o avanço do poder popular conseguiu conter o ataque das classes dominantes, esperamos que o mesmo ocorra no Chile, onde os setores populares têm um rico histórico de lutas e resistência ao longo da história. Acreditamos que esse movimento iniciado por estudantes e outros setores populares, poderão colocar um freio tanto nas políticas neoliberais quanto à perseguição e repressão que o governo desencadeia nos de baixo.
Do anarquismo organizado, acreditamos que é de vital importância multiplicar nossa participação e promover ativamente esses processos de resistência popular, nascidos no acúmulo de tensões e reivindicações populares, orientadas a gerar objetivos, estratégias e alianças com diferentes setores da classe oprimida.
Mostra-se prioridade transcender e transbordar qualquer tentativa de liderar eleições, que os setores reformistas institucionais nos acostumaram (deslocando os interesses da classe oprimida pelos da burguesia), como eles tentaram no Equador, onde estavam claramente expostos e desorientados. A necessidade de uma greve geral e de uma grande mobilização para derrubar o ajuste e a repressão de Piñera está à vista.
A solidariedade ativa das organizações populares em todo o continente devem se expressar imediatamente em embaixadas, consulados e multinacionais chilenas com sede nos países da região.
Viva a luta do povo chileno!
Abaixo ao ajuste e a repressão de Piñera!
Arriba las/los que luchan!
CAB – Coordenação Anarquista Brasileira
FAU – Federación Anarquista Uruguaya
FAR – Federación Anarquista de Rosario (Argentina)
FAS – Federación Anarquista Santiago (Chile)
OAC – Organización Anarquista de Córdoba (Argentina)