Acompanhamos o drama das 8 mil famílias das três ocupações da Região da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória) em Belo Horizonte, Minas Gerais. Manifestamos toda solidariedade à luta dessas famílias e repúdio à forma como o governo Pimentel (PT) está tratando o caso, com cinismo, repressão e terror psicológico.
A luta destas milhares de famílias é em defesa de um direito básico que deveria ser assegurado pelo próprio Estado que hoje criminaliza, reprime e despeja. Em Belo Horizonte o déficit habitacional ultrapassa a casa das 70 mil famílias sem teto. Em Minas Gerais, o déficit chega a 6 milhões. É por conta desta dura realidade, somada ao fator da especulação imobiliária que faz com que o povo pobre seja expulso das proximidades da região central para as margens, que surgem as inúmeras ocupações urbanas.
São inúmeros os lotes vazios, os terrenos devolutos e entregues às moscas da especulação na capital de Minas Gerais, enquanto milhares de trabalhadoras e trabalhadores vivem a penosa realidade do aluguel, de morar de favor, ou de simplesmente não ter um teto para abrigar sua família. Este contraste aponta, inevitável e justamente, para o surgimento de ocupações urbanas, que dão vida e função social para lotes que anteriormente serviam para a especulação e até mesmo para desova de cadáveres, estupros, etc. As ocupações urbanas são exemplos práticos de ação direta do povo organizado que faz valer seu direito que é furtado pelo Capital, pelo Estado e pela (in)Justiça.
Não é diferente com as ocupações da Izidora. A luta das famílias das ocupações coloca de um lado o direito que o povo tem de morar dignamente e de outro a ambição pelo lucro de construtoras e demais especuladores. Enquanto as famílias querem apenas um teto, a Construtora Direcional quer garantir o seu lucro de 15 bilhões com as construções que foram planejadas para o local. Neste embate, o governo Pimentel, a prefeitura de Márcio Lacerda, e o Tribunal de Justiça compraram o lado dos ricos e exploradores.
Somamos nossa voz às vozes de NÃO AO DESPEJO diante da possibilidade de o governador petista Fernando Pimentel promover um verdadeiro banho de sangue no norte de Belo Horizonte. É claro e evidente que um massacre está anunciado, de mesmo tamanho ou até maior do que houve com Pinheirinho, em São Paulo, em 2012. Isso porque a questão da Izidora, pelo tamanho dos terrenos, pela quantidade de famílias e pela disposição destas famílias de resistir ao despejo, é tida como o maior conflito fundiário urbano atualmente no país. Desta forma, o governador que alfinetou Beto Richa, governador do Paraná (PSDB), pelo massacre cometido contra os servidores públicos em 29 de abril deste ano, promoverá um atentado à vida de milhares de trabalhadoras e trabalhadores tão grande quanto o cometido pelo tucano em Curitiba.
Por isso, reafirmamos nossa posição em defesa da luta destas famílias, nos integramos à rede de solidariedade Resiste Izidora e reiteramos que se não for pela união popular, a organização de base e a solidariedade de classe, nossos direitos serão tratorados e, junto com eles, as nossas casas, a nossa dignidade, nossos sonhos e as nossas vidas.
Despejo Zero!
Resiste Izidora!
Somos todxs Izidora!
Com Luta, com Garra, a casa sai na Marra!
Assinam esta nota: Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) / Coletivo Mineiro Popular Anarquista (COMPA)