No dia primeiro de abril, dia da mentira (31 de março para os golpistas), há exatos 56 anos, forças militares ligadas ao empresariado brasileiro, ao imperialismo e aos setores mais reacionários da classe dominante operaram um golpe militar que jogaria o país numa longa noite de escuridão.
O golpe militar foi preparado anos antes, com recursos de duas instituições golpistas, o IPES e o IBAD, que com apoio explícito das agências de inteligência norte-americana, estimularam uma campanha de desestabilização do governo João Goulart. Para isso, atiçaram e financiaram as “Marchas da Família, com Deus e pela liberdade”, jogando parte da classe-média no colo da reação e do anticomunismo. Com o discurso alarmista (e mentiroso) de que o país vivia sob a ameaça do “comunismo”, organizaram campanhas que tinham como objetivo derrotar o bloco nacional-reformista representado por Jango e as demandas de parte da população brasileira, que exigia apenas reformas populares e mudanças sociais na profunda desigualdade social do país. O golpe representou o fim da conciliação de classes, formalizado na derrota do populismo de Jango e a evidência de que as classes dominantes brasileiras, periféricas e dependentes jamais admitiriam que os/as de baixo recebessem algumas migalhas que caíam da mesa.
Como sempre, a classe dominante brasileira, recorrendo às mentiras, à ignorância de um setor da classe-média, ao reacionário alto comando militar e à sanha da burguesia em aumentar a exploração sobre o povo, recorreu ao porrete para silenciar os movimentos organizados dos sindicatos, dos estudantes, dos camponeses e lutadores/as sociais. Assim, se generalizou a tortura, as prisões, os assassinatos, os estupros nos quartéis, as ocultações de cadáver pelos “honrados” militares brasileiros e as agências de repressão. Um desses canalhas era o torturador e bandido Brilhante Ustra, o ídolo do atual presidente Jair Bolsonaro. Depois de 21 anos de ditadura, aumentaram a pobreza, a desigualdade social e o salário dos trabalhadores foi achatado. A classe dominante afogou a luta popular com sangue, mesmo com a valente rebeldia dos sindicatos, das organizações de luta armada e do movimento popular em geral.
Hoje, a natureza perversa do Estado, trocou de uniforme. Em meio a democracia burguesa, um democracia esta que não serve para resolver os problemas de nosso povo, os militares financiam politicamente o presidente Bolsonaro. Um presidente que se nega a cumprir as resoluções da OMS, odeia a ciência e não se importa com o destino e saúde de seu povo. Em nota deplorável, abjeta, o alto comando militar, em publicação do dia 30 de março, chama o golpe e a ditadura militar de “movimento de 64”. Invertendo a realidade, afirmam que o “movimento” reforçou a democracia, quando na realidade, a censura, a tortura, o arbítrio e o terrorismo de Estado foram práticas comuns dentro e fora dos quartéis. Pagamos um preço muito alto por não termos punido todos os envolvidos com a ditadura militar brasileira e o golpe que a precedeu. Temos, então, uma democracia burguesa repleta de práticas ditatoriais e com viúvas da ditadura fazendo política hoje, vivos e livres, comemorando, tal como Bolsonaro e Mourão, o podre regime inaugurado em 1964. Um dos resultados dessa ausência de acerto de contas é aceitar um presidente lunático que hoje ameaça assassinar seu povo, desprezando a pandemia do corona vírus, e é um fã declarado da ditadura militar brasileira. Mesmo presidente que, apoiado pela burguesia mais inescrupulosa, rodeado de militares e políticos de extrema-direita, convocou no dia 15 de março manifestações que solicitavam um novo golpe militar, e em entrevista, quando perguntado se daria um golpe, disse que “quem quer dar um golpe não avisa”.
Que o povo não se engane! Quem fala em intervenção militar, ditadura ou militares na rua fala em repetir práticas da ditadura pra silenciar o povo e fazê-lo passar fome. Por isso dizemos bem alto: Fora militares! Da política e das ruas! Não esquecer! Jamais Perdoar!