Postado no 27/01/2014
De um lado, as empresas de transporte coletivo privado, suas catracas, seus seguranças privados. Mais polícia militar com seus homens (sim, todos homens), sua cavalaria, seu helicóptero, suas armas. Não esquecemos da prefeitura e seus parceiros da casa vizinha, a câmara de vereadores. Do outro lado, as trabalhadoras e trabalhadores, estudantes, desempregadas e desempregados, entre tantos outros que não detém o poder para gerir livremente suas vidas. Parte dessas se encontram diariamente no transporte coletivo, para ir e vir, outras tantas, não conseguem pagar para pela catraca passar.
Os anarquistas estão de um lado, o lado de seus companheiros de classe, o lado dos de baixo. Diariamente, pegando o “coletivo”, o “busão”, o “latão”, o “zarcão”. Lado a lado com os seus, as suas. No final da tarde, dessas tardes que voltar para casa ficou mais caro, faixas se posicionam, bandeiras começam a flamejar, vozes a gritar. Do outro lado, escudos, armas, cavalos, e um helicóptero se posicionam. Os anarquistas estão de um lado, do lado do povo organizado, seu único lado possível, após centenas de anos de história.
Em Joinville/SC, a militância integrante do Coletivo Anarquista Bandeira Negra (CABN), organização integrante da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), tem uma atuação constante e enérgica no combate à máfia do transporte coletivo, representado pelas empresas Gidion e Transtusa, que operam há 50 anos na ilegalidade com o aval dos políticos da classe dominante, do PSDB, PMDB, PT e afins, que ocuparam a Prefeitura Municipal de Joinville. Atuando e se organizando junto ao coletivo local do Movimento Passe Livre ou na Frente de Luta pelo Transporte Público, ao povo organizado.
Na quarta-feira (22/01/2014), dois militantes do CABN, acompanhados de outro integrante da Frente de Luta pelo Transporte Público, foram presos após voltarem da manifestação que exigia a revogação do aumento da tarifa e a criação de uma empresa pública com tarifa zero para toda população.
A prisão ocorreu por meio de uma emboscada da Polícia Militar de Santa Catarina, em que o Capitão Venera, responsável pela operação, agiu para atender as necessidades das empresas privadas de transporte, colocando mais de seis viaturas policiais, cerca de 20 homens fardados e fortemente armados. Os nossos companheiros foram arrastados pela via pública, sofreram com cassetadas e pisaram na cabeça de um deles.
O peso da fúria policial é reflexo do quanto a luta organizada demonstra efetiva combatividade contra o monopólio do transporte coletivo e coloca em risco os interesses da classe política dominante. Por isso, não vamos silenciar em nenhum momento na denúncia e no vigor da luta. Como já lembraram os companheiros anarquistas, “a solidariedade é mais que palavras”. Estamos juntos hoje e amanhã, firmes e dispostos a vencer o capitalismo e a violência policial. Não fomos os primeiros, não seremos os últimos.
Pelo fim da polícia militar!
Protesto não é crime!
Contra a criminalização dos movimentos sociais!
Fora Aumento! Fora Gidion e Transtusa!
Aumento Nunca Mais!
Por uma cidade sem catracas!
Coordenação Anarquista Brasileira (CAB)
Brasil, 26 de Janeiro de 2014.