Repressão e Demonstração de Existência de práticas da Ditadura Militar no Brasil em pleno Século XXI
“As classes dominantes querem impor que todos joguem seu jogo. Um jogo inventado, previsto por elas. Um jogo em que elas não podem perder. Este jogo bem conhecido: partidos legais, propaganda controlada, eleições periódicas… e tudo começa igual novamente. Neste jogo elas têm uma carta que “mata” todas as outras. É a repressão. Politicamente falando, a ditadura. Convencer a todos de que é assim, de que é inevitavelmente assim, é o objetivo político da repressão.”
(El Copey, FAU – 1972)
Constantemente é dito que não vivemos mais em uma ditadura, mas presenciamos o quanto isso é questionável. Durante todo período da ditadura militar no Brasil ocorreu todo tipo de prática repressiva inimaginável contra os movimentos sociais, talvez em maior proporção aos movimentos estudantis que naquele momento se colocavam de maneira mais radical contra a censura e aos ataques aplicados contra a liberdade de expressão. Estamos chegando aos quarenta e nove anos do golpe militar no Brasil, quase meio século do fim de uma ditadura que prendeu, torturou, violentou, assassinou e sumiu com os corpos de militantes da esquerda brasileira. Mesmo depois de quase meio século dessa barbaridade, voltamos a ver essas mesmas práticas repressivas sendo aplicadas contra os movimentos sociais.
Em Cuiabá, cidade do estado de Mato Grosso, presenciamos no dia seis de março uma brutal repressão contra estudantes que fizeram uma manifestação por melhorias na assistência estudantil e contra o fechamento de cinco casas destinadas para a moradia dos estudantes universitários da UFMT (Univesidade Federal de Mato Grosso). Os estudantes fecharam pacificamente a avenida Fernando Correa da Costa quando foram surpreendidos pela presença da ROTAM que foi chamada para realizar a dispersão e liberação da avenida que foi utilizada como ponto da manifestação, porém foi na avenida lateral ao campus universitário de Cuiabá conhecida como Alzira Zarur – avenida principal do bairro Boa Esperança, mesmo bairro onde um estudante da UFMT, natural de Guiné-Bissau, foi brutalmente assassinado pela policia militar do estado mato-grossensse – que os estudantes foram brutalmente espancados e presos.
A prática de dispersão utilizada foi tapas e socos, principalmente, nos rostos dos e das estudantes, disparos de balas de borracha a queima-roupa que atingiu também um pedreiro que trabalhava em uma obra próxima ao ato. Uma estudante tomou um tiro de bala de borracha na mão e com isso sofreu uma fratura e terá que passar por cirurgia. Outro estudante tomou um tiro na costela que fez com que o mesmo expelisse sangue pela boca… sem contar as possíveis torturas que devem ter sido aplicadas aos estudantes detidos. Foi contabilizado através de informações de alguns participantes que dez pessoas ficaram feridas e seis foram presas. Essa é a política ideológica da “Ordem e Progresso” e essa é a democracia na qual vivemos. Uma repressão, disfarçada de democracia, cada vez maior contra os movimentos sociais, uma repressão que vem crescendo cada vez mais dentro das periferias para a realização da Copa do Mundo em 2014 e da Olimpíada em 2016.
Nós da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) também nos colocamos contra as políticas de mercado aplicadas pelo Plano Nacional de Educação (PNE), voltadas para a precarização e a privatização da educação pública, e, reivindicamos a ampliação e implementação de políticas efetivas de assistência estudantil que garantam o acesso e a permanência. Algumas das várias bandeiras defendidas pelo movimento estudantil. Portanto, declaramos total repúdio a brutalidade exercida pelo corpo militar repressivo do de Cuiabá e a postura conivente da administração superior da UFMT. Declaramos também nossa total solidariedade a todas e todos estudantes que foram feridos e presos!
Por uma Educação Pública e de Qualidade!
Pela Autonomia dos Movimentos Sociais!
Contra a Brutal Repressão aplicada pelo Estado contra os Movimentos Sociais Combativos e Classistas!
A História são os pobres que as fazem, a Vitória está nas Mãos de quem Peleia!
Não tá morto quem peleia!
Coordenação Anarquista Brasileira – CAB